Análise

Planejamento integrado e governança multinível: Insights do UrbanShift Diálogo Nacional-Local no Brasil

O UrbanShift Brazil National-Local Dialogue enfatizou o papel fundamental do planejamento urbano integrado e da governança multinível na abordagem dos desafios climáticos e na promoção do desenvolvimento sustentável nas cidades brasileiras em rápido crescimento.

Diálogo nacional no Brasil

Este blog foi escrito por Saheel Ahmed, Alyssa Chenault e Vinícius Guimarães do ICLEI - Local Governments for Sustainability.

As áreas urbanas no Brasil estão crescendo rapidamente, trazendo consigo desafios complexos, como mudanças climáticas, desigualdade social e gestão de recursos. Para lidar com essas questões, o Brasil adotou uma abordagem colaborativa, reunindo as partes interessadas dos níveis nacional, estadual e municipal para traçar um caminho sustentável. O primeiro UrbanShift Brazil National-Local Dialogue destacou a importância do planejamento urbano integrado e da governança multinível como estratégias fundamentais para a criação de regiões metropolitanas resilientes e sustentáveis.

"É muito importante ver PNUMA, WRI, C40 e ICLEI trabalhando em conjunto com os governos nacionais, no âmbito do projeto Urbanshift (GEF). Os Diálogos Nacionais no Brasil e na Argentina provaram ser um meio muito estratégico para a governança climática em vários níveis e também para promover a colaboração horizontal entre as cidades e áreas metropolitanas que estão envolvidas e engajadas no desafio de enfrentar e lidar localmente com a luta contra as mudanças climáticas." - Rodrigo Perpétuo, Secretário Executivo de ICLEI América do Sul

Um esforço colaborativo em todos os níveis de governança

O diálogo reuniu representantes dos ministérios nacionais do Brasil - como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ministério das Cidades (MCID) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) -, além de autoridades estaduais de Santa Catarina e Pará e governos locais de cidades como Belém, Florianópolis e Teresina. Participantes da Agência Técnica Metropolitana de Guadalajara (México), da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, de agências da ONU e de ONGs também contribuíram para a conversa. O evento teve como foco a criação de um espaço para discussão aberta sobre as questões de governança que afetam as regiões metropolitanas do Brasil, enfatizando a necessidade de cooperação entre todos os níveis de governo.

No centro das discussões estava o Estatuto da Metrópole, uma estrutura legal que visa a promover um melhor planejamento e governança urbanos em todo o Brasil. Os participantes enfatizaram que uma maior conformidade com esse estatuto é fundamental para promover o desenvolvimento sustentável de longo prazo.

Superando obstáculos no Brasil

Enquanto o Brasil se esforça para liderar a luta contra as mudanças climáticas, vários desafios significativos se interpõem no caminho:

  • A falta de planejamento urbano integrado leva a um desenvolvimento fragmentado e ineficiente.
  • O crescimento rápido e não planejado piora os impactos da mudança climática e sobrecarrega a infraestrutura.
  • As tensões entre as políticas municipais e estaduais/federais criam estratégias conflitantes.
  • Os desequilíbrios orçamentários limitam as cidades menores na abordagem de questões críticas, como gestão de resíduos e mobilidade urbana.

Para enfrentar esses obstáculos, é preciso uma governança coesa e um planejamento urbano estratégico para garantir um progresso sustentável.

Oportunidades de colaboração e inovação

Apesar desses desafios, o diálogo ressaltou as muitas oportunidades para melhorar a governança urbana. O CITinova II é apresentado como a pedra angular dos esforços de gestão metropolitana integrada do Brasil, promovendo a cooperação intersetorial e inter-regional. Ao facilitar as discussões entre as diversas partes interessadas, o projeto abre portas para o aprendizado entre pares, permitindo que os governos locais compartilhem suas experiências e explorem soluções inovadoras em conjunto.

Um dos principais destaques do diálogo foi o potencial do turismo sustentável e da bioeconomia para desempenhar papéis fundamentais no desenvolvimento urbano do Brasil. A criação de conselhos metropolitanos também foi enfatizada para impulsionar a cooperação entre as cidades e agilizar a governança. A cooperação internacional reforçou ainda mais o valor do intercâmbio de práticas recomendadas com colegas globais, fornecendo percepções e validando os esforços locais no avanço da transformação urbana sustentável.

Impactos em nível local

Em nível local, o diálogo criou uma plataforma importante para os representantes das cidades expressarem seus desafios específicos e explorarem soluções personalizadas. Cidades como Belém, Florianópolis, Teresina e Timon puderam discutir questões como desigualdades orçamentárias, gestão de resíduos e desafios de transporte. Essas cidades agora têm uma compreensão mais clara de como podem alinhar suas iniciativas de planejamento urbano com as metas nacionais de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, adaptar as soluções aos seus contextos específicos.

O evento promoveu um maior senso de colaboração ao incentivar os governos locais a trocarem estratégias para planos de desenvolvimento urbano integrado, o que será crucial para a implementação de modelos de governança mais eficazes no futuro.

Próximas etapas: Aproveitamento do impulso

Com a conclusão do diálogo, o caminho a seguir tornou-se evidente. Continue construindo o diálogo, trabalhando com as partes interessadas para implementar o roteiro de governança multinível para manter a colaboração ativa entre os governos nacional, estadual e municipal, a fim de avançar nos objetivos de sustentabilidade urbana do Brasil.

O segundo Diálogo Nacional-Local, que se aproxima, será um momento crucial para avaliar o progresso, refinar as estratégias e garantir a responsabilidade entre as partes interessadas. Ao manter o ímpeto e aproveitar a colaboração do diálogo inicial, o Brasil está preparado para alcançar avanços notáveis no desenvolvimento urbano sustentável.

Conclusão: Um caminho para a transformação urbana sustentável

O UrbanShift Brazil National-Local Dialogue lançou luz sobre os desafios e as oportunidades que as cidades brasileiras enfrentam. A necessidade de uma governança coesa e multinível é mais urgente do que nunca, principalmente em função da rápida urbanização e das pressões ambientais. No entanto, o diálogo também revelou oportunidades promissoras para que as cidades colaborem, inovem e integrem a sustentabilidade em seus esforços de planejamento urbano.

Com iniciativas como o projeto CITinova II liderando o caminho, o Brasil está criando um roteiro para o desenvolvimento urbano transformador, que aborda as complexidades da governança metropolitana e, ao mesmo tempo, aproveita as oportunidades em setores como o turismo sustentável e a bioeconomia. No futuro, o diálogo e a cooperação contínuos serão fundamentais para garantir que as cidades brasileiras não apenas cresçam, mas também prosperem de forma sustentável.

 

Para saber mais, clique aqui [PT ou PT] para ler o resumo do primeiro Diálogo Nacional-Local do Brasil como parte do programa UrbanShift . Para saber mais sobre o UrbanShift no Brasil, clique aqui.

Caso tenha alguma dúvida ou contribuição que possa apoiar o planejamento do próximo Diálogo Nacional-Local no Brasil, como parte do programa UrbanShift , entre em contato com urbanshift@iclei.org.